sábado, 25 de junho de 2011

A Loucura (Mini Conto)

Não muito distante daqui, onde hoje estou confinado pelo que jugam ser loucura, faz dez anos o ocorrido que estou para contar-lhes, antes, pois que a sanidade que me resta suma de meu ser. É fácil julgar as pessoas dando-lhes vereditos de louca e condenar-lhes a viver em um sanatório. Mas que fique claro que eu não enlouqueci – pelo menos ainda – claro, pois que com as drogas que me forçam tomar dentro das paredes deste hospício, eu finalmente um dia terminarei por ficar. Mas ainda gozo da lucidez pura e por essa razão quero dar-lhes a oportunidade de entenderem como eu cheguei aqui, e talvez alguém possa julgar minha alma quando esta não mais estiver nesse mundo.

Muitas lendas afloram em pequenas comunidades, fazendo com que as pessoas temam alguma coisa. Mas meus amigos, como as lendas se tornam lendas se algo de verdade nelas nunca tiver ocorrido? É assim que em minha juventude fui julgado louco pela comunidade em que vivia e mandado para este lugar. Outrora era eu um aprendiz de ferreiro. Tinha planos como quase todos os garotos de minha idade. Minha mãe era muito pobre e por isso tivera eu de abandonar os estudos para ajudar-lhe. Tinha eu meus 12 anos. Nunca conheci meu pai. Minha pobre mãe não tivera a sorte de encontrar um homem que lhe fosse bondoso e amável. O cafajeste que se prestou a pedir-lhe a mão somente soube roubar-lhe a felicidade e levar consigo o pouco sorriso que um dia a pobre senhora possa ter tido no rosto.

Vivemos juntos as mais pesadas durezas que a vida pode impor a uma mãe solteira e um filho. Uma comunidade que poucas vezes se importou em ajudar ou apenas perguntar se estávamos bem. Quando comecei a ajudar o senhor Freitz, minha mãe estava doente e por isso e sem mais nenhuma delonga, deixei de estudar para aprender o oficio de ferreiro, pois somente assim teria uma profissão com a qual poderia eu um dia dar talvez um descanso melhor para minha mãe.

O senhor Freitz era um homem de poucas palavras e poucos amigos. Pouco comigo falava também. Tínhamos uma relação unicamente de patrão e servo, pois os termos mentor e aprendiz não se adequavam ao nosso cotidiano.

Certo dia, ele me chama em sua cabana. Por mais incrível que possa parecer, este convite muito à minha pessoa parecia estranho. Sua pequena casa – se assim podemos chamar –, era muito bagunçada. Ele não era casado e muito menos tinha filhos. Dedicou-se a vida toda ao oficio que aprendera com o pai.

- Senhor Freitz – disse-lhe observando atentamente após estarmos sentados à mesa por um longo tempo em silencio. – O que o senhor quer comigo?

Ele ficou me olhando como se estivesse com vontade de rir ao mesmo tempo em uma lagrima desceu por seu rosto. Era estranho. Ele não me disse nenhuma palavra. Apenas ficou lá. Sentado, observando-me. Sentia calafrios com aquela situação. Com medo levantei-me lentamente e cordialmente me despedi. Esperava que pelo menos me dissesse boa noite, mas nem mesmo um piscar de olhos tive como retorno. Andei vagarosamente até a porta e para minha surpresa quando olhei para trás. Ele não estava mais lá.

Meu coração congelou. Senti meu corpo todo tremendo. Virei-me novamente em direção à porta para correr, mas ela se fechou sozinha. Gritei. Mas nada saiu de minha boca. Nem mesmo um único ruído. Olhava para todos os lados e implorava para que meu mestre parasse com a brincadeira, pois estava com muito medo. Andei na direção da única janela que tinha na cabana, mas como obra macabra ela também se fechou.
- Senhor Freitz, isso não tem a mínima graça – disse olhando para todos os lados.

De repente, escutei uma voz. Olhei atentamente para a mesa e vi novamente ele. Sentado no mesmo lugar. A porta aberta. A janela aberta. Tudo estava normal. Agora ele ria sem parar. Olhei atentamente para ele. Enquanto ele ria, percebi que chorava. Era demais para mim. Sai correndo.

Contei para minha mãe, mas ela não acreditou em mim. Fiquei acordado a noite toda. Tinha medo. No dia seguinte eu não fui à ferraria. Estava com medo. Não sabia o que tinha acontecido. Os dias se passaram e as pessoas ficavam com medo de mim. Achavam que eu estava louco. Minha mãe estava muito preocupada. A comunidade onde morava disse-lhe para me internar para que eu me tratasse da loucura. Ninguém acreditava em mim. Mas eu realmente tinha vivido aquela cena. Não adiantou nada. Eles me mandaram para esse lugar horrível. Para minha desilusão ou como forma de aumentar meu temor, descobri assim que entrei neste hospício que em minha comunidade, não tinha nenhuma ferraria, e não havia nenhum Senhor Freitz. Mas confesso meus amigos, que se um dia alguém disser que eu sou louco, desconsidere. Não sou louco.

- Tudo bem – disse-me o guarda do hospital. Pare de escrever nas paredes.

- O que foi que disse senhor Freitz?

Erisvaldo Correia
Publicado no Recanto das Letras em 01/11/2010
Código do texto: T2590461

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Mal Moral Agostiniano

Santo Agostinho coloca-se contra a existência de um mal metafisico e de um mal físico. Para ele apenas existe o mal moral. Aqui podemos perceber esse mau como ligado aos conceitos humanos, aos hábitos, mais diretamente – à ação em si como ser na sociedade.

Para Agostinho de Hipona, o mal não pode ser criação de Deus – pois o mesmo é divino e perfeito, assim sendo, não gerador de algo que fosse seu oposto. Agostinho vê o mal como um distanciamento da busca do bem supremo – aqui podendo-se colocar ao lado do bem aristotélico “o bem coletivo”, o “bem da coletividade” – mais propriamente “Felicidade”.

É de extrema importância perceber a ligação que podemos fazer com o problema de Agostinho à questão da ética social. Para o teólogo cristão, o ser humano ao afastar-se do bem supremo está em busca do bem menor, um bem próprio, o mais pessoal que vise – talvez – unicamente seu próprio bem. Isso pode acarretar com o bem pessoal e o mal para o próximo. Assim, surge o mal moral.

É possível perceber que a livre escolha está diretamente ligada a origem do mal moral – dado o fato de que Deus deu ao ser humano o dom de escolher suas ações sem “constrangimento, inclusive em relação as leis divinas (GILSON, 2006, p.368 - Referência no livro da Bibliografia)”.

Podemos finalizar dizendo que a influência de nossas ações estão diretamente ligadas ao conceito do mal social em si – quando optamos por deixar de lado a busca por um grande bem, um bem supremo que vise a si e a todos para, procurarmos um bem menor, cujo o único beneficiado seja a si próprio – eis ai o surgimento do mal moral.

Referencias Bibliográficas.
MADEIRA, Prof. Dr. João Batista. Filosofia Medieval (Caderno de Referencia de Conteúdo – CEUCLAR). 2010, SP.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

2012 - O Ano da Vez

Fim do Mundo? Fim de uma Era? Inicio de um novo Ciclo? Arcas gigantescas? Vidas Selecionadas? A vinda do Messias dos Judeus? Apocalipse? Muitas perguntas giram em torno do ano de 2012. Embora quase todas tenham um mesmo fundamento, todas fazem a pessoa interrogada pensar em ações diversas.
Em 2000, no ano da virada do milênio uma onda de horror e pânico assombrou todo o planeta quando uma profecia revelava que aquele seria o fim do Mundo. Muitas pessoas se suicidaram com medo da forma como poderia ser a morte da profecia. Algumas cometeram verdadeiras barbaridades acreditando na impunidade de seus atos no dia da aniquilação. Porém esse dia não aconteceu! De fato alguns criminosos continuam até hoje atrás das grades pagando o preço da impunidade na qual eles acreditavam.
Curioso a forma como as pessoas interpretam determinados dizeres. Fim do Mundo. Um momento temido por todos, porém admirado ao mesmo tempo por muitos. Grandes estudiosos tentam prever o fim do mundo. Algumas pessoas já devem ter esquecido que há alguns anos um centro de pesquisas norte americano anunciou um meteoro vindo de encontro com a Terra. Segundo a previsão dada pela equipe cientifica, o meteoro se chocaria com o planeta por volta de 2012. Coincidência? Ou apelo aos fatos místicos por detrás das revelações do calendário maia?
Algumas questões ainda pairam no ar confusas e perdidas ao ambiente no qual somos situados. Alguns filmes foram lançados ambientando essa profecia. Com o titulo de 2012 temos dois filmes que abordam de forma diferente as perspectivas dessa revelação.
Em um primeiro momento, somos levados a acreditar que uma falha geológica causada por uma explosão solar leva o mundo a entrar em colapso. Porém o filme ambienta a questão do arrependimento. Da culpa. Do perdão. Do inicio de uma nova Era. Um novo ciclo de esperança para a humanidade. Os escolhidos para viverem a nova fase.
Não por menos, podemos observar que muitas coisas estão mudando no mundo. Infelizmente nem todas são para melhor.
Em um segundo momento, no filme 2012 mais recente, somos novamente abordados pela questão da explosão solar. Fato: O sol está sofrendo uma mudança em níveis catastróficos. O grande problema se dá quando os acontecimentos em torno da profecia começam a aparecer.
Fissuras profundas no solo. Explosões vulcânicas generalizadas. Desvio de atividade magnética e outros problemas. Contudo, como meio de preservar a espécie humana, os lideres das nações poderosas se unem para construírem as ARCAS. Uma réplica da idéia bíblica do dilúvio do Gênesis. Porém em proporções nunca antes vistas. Conteriam animais de cada espécie (além da humana é claro) e um estoque de suplementos para garantir a existência durante o período da crise.
Quando o mundo é dominado pelo impacto das águas que destroem tudo as grandes ARCAS aparentemente indestrutíveis começam seu processo de preservação.
Nesse ambiente de Ficção, o filme passa a idéia de que há possibilidade de o mundo como conhecemos desaparecer, mas depois de um tempo possamos reconstruir uma nova nação.
Incrível. O senso de Ficção cada vez fica mais apurado.
O homem acha mesmo capaz de salvar a humanidade? Quero dizer, será que o homem (termo em geral) esquece que é ele mesmo que pouco a pouco está acabando com o mundo? Ele esquece que as grandes atrocidades são, foram e serão cometidas sempre pela mão humana?
Não tem sentido pensar que o homem esteja realmente preocupado com o futuro do mundo. Lógico, temos as raras exceções que de certa forma lutam para poderem apreciar o mundo por mais tempo, mas mesmo assim a grande maioria não faz nada para colaborar.
No primeiro filme, ambienta-se a questão do arrependimento. Uma nova era para os escolhidos. Em alguns momentos ouve demonstrações da passagem apocalíptica da questão do arrebatamento. Mas se eles foram os escolhidos, os que ficaram, porque eles teriam direito de ver a nova era? As idéias por detrás dos filmes a respeito dessa profecia se confundem e deixam mais confusas as mentes humanas. Já ouvi pessoas comentando que a data de 2012 do calendário maia é a previsão da vinda do messias dos judeus. Então esse fim de mundo como chamam é o fim do mundo de idéias absurdas como conhecemos e o inicio de uma nova era de paz e esperança. Acreditar, viver, sentir o poder dessas promessas, questões pode ser interessante, porém perigosa. Pessoas podem levar a sério certas palavras mal interpretadas e realmente podemos ter mudanças trágicas no ano da profecia. O fato é que não importa quais mudanças aconteçam, devemos ter a mente aberta. Devemos sempre pensar no nosso próximo. A nossa simples capacidade de de ver as coisas, devemos deixar que o tempo nos mostre os rumos que o mundo tomará, tentando fazer nele sim uma grande mudança. Mas não somente em 2012, mas todos os dias, fazendo com que ele se torne um lugar melhor para podermos viver em paz!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Filosofia no Brasil


Onde estão nossos Filósofos?
Hoje é muito comum falarmos em grandes pensadores como Marx, Nietzsche. Lembramos até dos mais antigos como Sócrates, Platão, e não deixamos escapar os mais falados atualmente como Heiddeger ou até mesmo Sartre. Mas, onde estão os nossos pensadores? Onde estão os filósofos brasileiros?
Se pararmos para analisar, atualmente é mais fácil alguém falar em Rorty, Marx, Tales, Voltaire do que falar na Filosofia brasileira. Obviamente que todos esses pensadores devem fazer parte de nossos conhecimentos, pois são eles que nos deixaram um grande legado de estudos.
Mas ainda assim, onde entramos nessa história? Temos grandes pensadores da atualidade que talvez só não sejam figuras comentadas no ensino da Filosofia porque ainda estão vivos, ou até mesmo porque são brasileiros. Será que daqui uns cem anos quando eles já estiverem mortos é que a Filosofia irá parar para estudá-los? Quando perguntamos sobre algum livro que nos explique sobre algum assunto de Filosofia, as respostas são sempre as mesmas; Leia o livro de Regis Jovilet; Procure um livro de Wiliam James; Compre A Republica de Platão… e assim por diante. Poucos conhecemos sobre a nossa própria Filosofia. Pergunto por exemplo: Além de Marilena Chauí que está sempre na mídia, que outro filósofo brasileiro você conhece? Eu posso indicar muitos, mas o grande problema é que a própria filosofia não estuda. Não coloca suas idéias em evidência. É muito mais fácil eles serem conhecidos na hora de traduzir um texto de algum grande pensador internacional, do que por algum trabalho que tenha publicado com seus próprios pensamentos. E se não fosse o bastante, eles ainda publicam livros explicando sobre a Filosofia de outros pensadores.
Agora pare e pense. Se você mesmo não publica seus próprios pensamentos, como você espera que a Filosofia seja tratada neste país que já sofre com a grande sombra das pessoas que vêem na matéria apenas algo que serve para encher currículo?
Pense nisso.